Tudo que é demais vira o seu oposto

Jiddu Krishnamurti

Li essa frase e imediatamente pensei no Caibalion, livro clássico da filosofia hermética (e o meu favorito). Nesse livro, isso é chamado de Princípio da Polaridade.

• Este princípio defende que tudo é duplo, tem dois polos, e os opostos são, na verdade, extremos da mesma coisa.

🌡️ Vamos para um exemplo prático, o termômetro. Ele mede a temperatura, certo? “Quente” e “frio” são apenas variações dessa mesma coisa. Não existe um ponto exato em que o quente “vira” frio. A ideia é: os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau.

Isso se aplica em tudo, não só no calor e no frio, mas no amor e no ódio, na coragem e no medo. Tudo existe num espectro, e o excesso de um polo pode acabar se tornando o outro. Ou seja, tudo que é demais, vira o seu oposto.

Quem busca liberdade demais, pode acabar se sentindo perdido. Quem trabalha demais, em nome da estabilidade, pode se desconectar da vida que queria proteger. Quem fala demais, querendo se fazer entender, pode tornar-se incompreendido.

Quem se cuida demais, tentando manter a saúde, pode acabar prisioneiro da própria rigidez. Quem ajuda demais, sem se escutar, pode acabar ressentido por não ser ajudado.

É como se a vida, sabiamente, sempre buscasse o equilíbrio — mesmo que à força. O excesso, por mais nobre que pareça, sempre carrega o risco de virar peso. É por isso que o autoconhecimento passa, inevitavelmente, pela vigilância: estar atento aos próprios excessos é uma forma de se manter inteiro.

— @Gabi