No filme Conclave, indicado ao Oscar, acompanhamos o processo intenso e cheio de intrigas da eleição de um novo Papa. Mas o que me chamou mais a atenção em todo o filme foi esse discurso aqui. Em meio a esse cenário, o Cardinal Lawrence diz:

“A dúvida nos faz humildes. A certeza nos faz perigosos.Se tudo fosse certeza, não precisaríamos de fé.”

Essa reflexão vai muito além do contexto religioso, ela ressoa em um mundo onde todos parecem obcecados por ter respostas prontas, opiniões firmes e certezas inquestionáveis.

🖌️ Mas será que a certeza é tão virtuosa quanto a pintam? Ou será que, no fim das contas, é a dúvida que nos mantém lúcidos, questionadores e em constante evolução?

Por um lado, certezas nos dão segurança. Elas nos fazem sentir no controle, como se estivéssemos no caminho certo.

• Por outro lado, a certeza, muitas vezes, nos cega. Quando temos certeza, paramos de ouvir, de questionar, de aprender.

Ela pode se transformar em um muro que nos separa de outras perspectivas, nos aprisionando em uma bolha onde só vemos o que queremos enxergar.

Diferente da fé 🙏

A fé não exige provas. Ela é construída no espaço deixado pela dúvida. Se tudo fosse tão garantido, tão óbvio, a fé seria desnecessária, percebe?

A dúvida nos mantém curiosos, abertos ao diálogo, conscientes de que nem sempre temos todas as respostas — e que está tudo bem.

🪴 É desconfortável, claro, mas é no desconforto que mora o verdadeiro crescimento.

A dúvida não é a ausência de fé, mas o que a fortalece. Ter fé, seja em você, nos outros ou em algo maior, é um ato de coragem diante da incerteza.

A dúvida é o espaço no qual a fé pode florescer e no qual nos abrimos para a transformação. A certeza, quando levada ao extremo, pode nos tornar rígidos, inflexíveis e intolerantes, enquanto a dúvida nos torna mais humanos.

Por isso, talvez a maior sabedoria esteja em aceitar a incerteza. Em vez de buscar respostas definitivas para tudo, podemos abraçar a complexidade do mundo e as nuances da vida. Afinal, se tivéssemos todas as certezas, não precisaríamos de fé.

— @Gabi