Crença é tudo aquilo que você repete com frequência, por tanto tempo, que se torna uma espécie de “verdade pessoal”. Mesmo que você nunca tenha parado para investigar se faz sentido, ela está lá, enraizada.

Às vezes, você nem lembra quando começou a acreditar, só sente que é assim — e age como se fosse. O mais doido é que isso vale tanto para as coisas boas (“eu sou ótima com pessoas”) quanto para as que te travam (“nunca consigo manter o foco”, “relacionamento não é pra mim”, “tudo que eu começo, eu abandono”).

• Por um lado, existem as crenças conscientes, aquelas que você reconhece: sabe que acredita;
• Por outro lado, as inconscientes são as mais traiçoeiras — você nem sabe que estão ali, mas elas decidem por você.

Escolha profissional, padrão de relacionamento, medo de se expor, síndrome do impostor… tudo pode ter raiz numa crença que você herdou lá atrás. Um comentário bobo que alguém fez na infância. Um trauma. Uma situação mal resolvida.

A criança que você foi criou uma lógica emocional para lidar com aquilo — e a adulta segue obedecendo, no automático.

Nossas primeiras crenças são formadas da gestação aos 7 anos. Você cria uma programação mental baseada no que vê, escuta e vive.

Até essa idade, o subconsciente e o consciente ainda não se separam, ou seja, tudo o que acontece é absorvido como verdade absoluta. Você não questiona. Você simplesmente grava.

• É por isso que, às vezes, você tem medo de falar em público, de ser rejeitada, de receber dinheiro — sem nunca ter vivido algo diretamente traumático. Alguém plantou essa semente lá atrás e você continuou regando sem perceber.

A verdade é que, segundo a neurociência, entre 90% e 95% das nossas ações, escolhas e pensamentos são comandados pelo inconsciente. Ou seja, só uns 5% da nossa mente está realmente “no controle” de forma consciente. Isso explica muita coisa.

Você pode, racionalmente, querer ser feliz, ter sucesso, viver um relacionamento saudável. Contudo, se lá no fundo existe uma crença inconsciente de que “não merece”, “vai dar errado” ou “felicidade dura pouco”, adivinha quem vence? A mente vai sempre tentar validar aquilo que acredita. Mesmo que te machuque.

Você diz “não sei por que sempre me saboto”, “não sei por que atraio esse tipo de pessoa”, “não sei por que travo nessa parte da vida”. Só que, se você puxar o fio, talvez descubra que por trás disso há uma crença do tipo: “eu não mereço”, “homens não prestam”, “se eu for eu mesma, vão me abandonar.”

E não adianta só repetir frase positiva no espelho e esperar que isso cure tudo. Reprogramar crenças exige mais do que mantra: exige consciência.

É parar e olhar fundo: “de onde vem esse pensamento?”, “em que momento eu aprendi isso?”, ou “ainda faz sentido viver de acordo com essa ideia?” Quando você começa a observar seus padrões com curiosidade — e não com julgamento — já começou o processo de cura. Trazer para a luz já é um baita passo.

Vamos para prática? Como “reprogramar” uma crença?

1) Identifique o padrão que te sabota.

Sem nomear, não dá para mudar. Liste as frases que você ouviu na infância, as realidades que você viu sendo vividas ao seu redor e os modelos de vida que te formaram. “Dinheiro não traz felicidade”, “quem é rico é arrogante”, “homem é tudo igual”, “quem fala muito acaba se queimando.” Tudo isso é programação. Crença é causa. A sua realidade é efeito.

2) Defina o programa oposto.

Se você identificou padrões de escassez, vai precisar cultivar crenças de abundância. Se detectou padrões de rejeição, precisa reforçar o merecimento e a autoconfiança. Reprogramar é trocar o filtro por onde você vê o mundo. Mudar a pergunta que a sua mente repete em silêncio.

3) Aja e repita com consciência.

Não terceirize o processo. Nenhuma técnica mágica vai funcionar sem sua participação ativa. Criar as crenças que te sabotam deu trabalho. Reprogramá-las também vai dar. Vai exigir consistência, presença e escolhas novas, mesmo quando a velha versão quiser voltar.

— @Gabi