A gente fala muito sobre liberdade, mas será que somos tão livres assim? Porque liberdade não é só ir e vir, é também a capacidade de mudar de ideia. E nisso, muitos de nós estamos presos ao que pensamos.

Quantas vezes você já defendeu um ponto de vista com unhas e dentes e, depois de um tempo de discussão, começou a entender o outro lado, mas não deu o braço a torcer? Não porque acreditava no seu ponto, mas porque já tinha falado em voz alta. Ou porque mudar de opinião soaria como fraqueza.

Talvez esse seja o principal defeito de nós, seres humanos: apego às próprias opiniões. O ego nos convence de que, se mudarmos de ideia, perderemos valor. Como se a identidade inteira estivesse colada às palavras que saíram da nossa boca.

É por isso que vemos tanta gente brigando em debates de política, religião ou até sobre qual série é melhor na Netflix. Não se trata da ideia em si, mas sim de proteger a autoimagem.

A ciência confirma isso. Um estudo publicado em 2024 na Journal of Personality and Social Psychology mostrou que a rigidez cognitiva — essa incapacidade de flexibilizar ideias — aumenta em até 30% os conflitos interpessoais e reduz a capacidade de aprendizado.

• Ou seja: quanto mais nos agarramos às nossas certezas, menos crescemos e mais brigamos.

No fundo, mudar de ideia é uma das formas mais poderosas de liberdade que existem. É reconhecer que a vida é movimento, que o mundo muda, que você aprende e se transforma.

Já reparou como as pessoas mais interessantes que você conhece não são aquelas que sabem de tudo, mas as que escutam, questionam e consideram perspectivas diferentes?

O apego às opiniões alimenta o ego. A abertura alimenta a consciência. E consciência é expansão: é enxergar além da bolha, perceber que sua visão nunca conseguirá abarcar a totalidade do mundo.

É a coragem de se colocar em estado de aprendizado, mesmo quando seria mais confortável agarrar-se às próprias certezas.

Da próxima vez que sentir aquela ânsia de provar seu ponto a qualquer custo, experimente algo diferente: faça silêncio, escute e pergunte. Permita-se considerar que o outro possa te ensinar algo. Você não precisa concordar, mas só o ato de se abrir já muda tudo.

No fim das contas, talvez a verdadeira liberdade não esteja em defender suas opiniões até o último argumento, mas em permitir-se soltá-las quando não servem mais.

— @Gabi