Quero compartilhar uma história com vocês hoje.

Quando eu tinha 15 anos, fiz um intercâmbio nos Estados Unidos, daqueles bem tradicionais: vivi por 6 meses na casa de uma família americana e estudei no ensino médio de lá.

Nesse período, os coordenadores responsáveis pelos intercambistas da região organizavam, com certa periodicidade, encontros para que todos os que estivessem na mesma cidade — e fizessem parte do mesmo programa — pudessem se conhecer, compartilhar experiências e curtir alguns momentos juntos.

Em um desses encontros, uma das coordenadoras que conduzia a roda de conversa — como uma boa americana que valoriza produtividade e proficiência — nos fez a seguinte pergunta:

“Como vocês têm ajudado a sua host family (família hospedeira) nas tarefas de casa?

Como sempre gostei de engajar em conversas com temas de quebrar cabeça, levantei a mão para responder, convicta de que minha resposta seria um grande exemplo de educação, simpatia, gentileza e disposição para todos os colegas presentes (um instinto meio natural às pessoas que têm pouco a acrescentar — porque lhes falta humildade para refletir sobre o mundo ao redor e sobre a própria vaidade — rs.):

“Bom, eu sempre pergunto às pessoas da família que me hospeda o que posso fazer para ajudar.”

A coordenadora, novamente valorizando a praticidade e a objetividade, respondeu-me de forma direta:

“Quando realmente queremos ajudar, não perguntamos, apenas fazemos. Até porque a pessoa a quem você dirige a pergunta pode achar desconfortável ou cansativo ter que te pedir para fazer alguma coisa.”

Essa resposta doeu fundo na alma, mas mudou minha vida a partir daquele momento. Porque aprendi algo chamado proatividade.

Até aquele dia, eu afirmo com plena certeza que era uma pessoa mais passiva, sempre com medo de incomodar, me intrometer, agir, tomar frente ou errar.

Mas, a partir do momento em que aquelas palavras me tocaram de forma tão profunda, entendi que ser mais proativa era a melhor forma de me tornar uma pessoa útil, conseguir servir e fazer as coisas acontecerem — mesmo que não acertasse em tudo.

• Porque, se eu aprendesse a me colocar pronta para AGIR, poderia tentar de novo e melhorar o que ainda não tivesse ficado bom.

É claro que, lá naquele momento, eu não consegui nomear tudo isso dessa forma. Mas, hoje, olhando para trás, reconheço que foi um daqueles aprendizados que transformam uma vida inteira — e que impactam tanto as coisas mais práticas do dia a dia quanto os grandes projetos de vida.

Depois daquele dia, passei a observar primeiro cada ambiente, trabalho ou relação em que chego. Só depois de perceber, com atenção, onde posso contribuir com minhas próprias limitações e capacidades, é que pergunto como posso ajudar.

Proatividade é isso: uma escolha consciente de melhorar os ambientes, relações e projetos dos quais você faz parte, em vez de deixá-los piores ou — talvez ainda pior — iguais a quando você chegou.

Uma simples mudança de postura — em vez de esperar o outro pedir, se adiantar e pensar no que está ao seu alcance para fazer acontecer — pode transformar a forma como sua vida caminha.

É uma questão de tomar frente e fazer as coisas acontecerem, e isso é muito profundo. Mas pode ser feito a partir das “pequenas” coisas, que, no fim, são o que constroem as grandes.

Esse aprendizado que tive lá atrás mudou minha vida para sempre — e espero que também possa, de alguma forma, tocar o seu coração hoje. Sabe por quê?

Você nunca sai em desvantagem ao entregar o seu melhor e se aproximar daquilo que é condizente com o seu potencial — que, posso te afirmar, é muito, muito alto.

— @Sarinha