Existe mais de uma definição para o que se chama de “ideal”: para Platão, fundador do Idealismo, é o que devemos buscar; para a Psicologia Cognitivista, podem ser as crenças que fundamentam várias outras e moldam das menores às maiores escolhas do sujeito; para a Psicanálise, a princípio, vem dos pais e, em dado momento, deve ser abdicado; para Nietzche, “o ser humano inventou o ideal para negar o real” e é exatamente nesse ponto ressaltado nessa frase do filósofo que todas as definições se encontram:

💡 O ideal é diferente da realidade.

Até porque, se algum dia o ideal se tornar a realidade, ele deixa de existir para dar lugar a outro ideal.

A verdade é que sempre iremos buscar onde nos espelhar e como caminhar para o destino almejado por nós, seres humanos: MAIS e MELHOR.

Isso faz parte de mecanismos evoluídos para favorecer nossa sobrevivência. Permita-me descrever um exemplo:

💡 A dopamina, um neurotransmissor relacionado à imaginação e criatividade, entra em ação sempre que nos deparamos com algo que pareça uma promessa de futuro melhor — uma oportunidade de emprego, uma nova paixão ou um novo projeto — e nos causa boas emoções e motivação por causa disso.

Ela se desenvolveu em função de nos fazer buscar coisas melhores, para assegurar a sobrevivência (em uma perspectiva evolutiva isso significa mais alimento e garantir a reprodução e, por isso, está relacionada à paixão e à vícios, por exemplo) e é uma das partes da nossa biologia que nos mostram porque sempre iremos nos mover buscando o que ainda não temos e, em função disso, tentar ser aquilo que ainda não somos.

É por isso que um ideal SEMPRE irá se manifestar.

Pode ser como princípios ordenadores, ou fontes de inspiração, mas também pode ser como algo que te aprisiona ao que você não acredita, não gosta nem busca de verdade.

Um ideal pode se transformar em algo que te afasta do seu verdadeiro potencial, em função de cumprir aquilo que acredita ser o desejo e expectativa do mundo e, portanto, o que irá te garantir uma boa imagem aos olhos dos outros.

E nesse sentido, a atenção deve entrar em cena: a verdadeira busca é satisfazer o que seu EU acredita e quer, ou viver em função de se provar diante do outro?

É preciso ter atenção para que exista uma clareza sobre até que ponto o ideal pode ser um aliado da realidade e não algo que te afasta da realidade que você verdadeiramente quer e CONSEGUE SUSTENTAR. Veja bem:

💡 Aquilo que achamos que DEVEMOS ser pode nos fazer buscar coisas muito diferentes das que realmente QUEREMOS e conseguimos SER de verdade.

Aquilo que achamos que DEVEMOS ser pode nos fazer buscar coisas muito diferentes das que realmente QUEREMOS e conseguimos SER de verdade.

Um ideal, não importa o quanto pareça dominar, ainda é apenas fruto da sua imaginação e de alguns dos mecanismos psíquicos e biológicos que você desenvolveu para sobreviver. Então você percebe que, na verdade, é do seu domínio?

Portanto, você pode aprender a usá-lo a seu favor e o primeiro passo para isso, é identificá-lo e identificar para além dele: O que VOCÊ quer, acredita e realmente gostaria de ser?

— Sarinha